sábado, 26 de dezembro de 2015

Ibirama

          Nos dias 21 e 22 de novembro de 2015 estivemos visitando Ibirama para participarmos do 2º Encontro de Academias, Escritores e Poetas de Santa Catarina, organizado pela Academia de Letras do Brasil-Seccional Ibirama.
          A esse respeito já discorremos na postagem efetivada neste blog em 28 de novembro passado.
               Como era de nosso interesse, permanecemos por mais um dia na cidade para que, posteriormente, pudéssemos compartilhar um pouco daquilo que vimos.
            Ibirama está localizada a cerca de 200 km de Florianópolis, no Alto Vale do Itajaí, próximo à cidade de Rio do Sul.
          Fundada em 1897, de colonização germânica - hoje incluindo diversas outras ascendências - foi inicialmente chamada de Hamônia, tendo seu nome alterado, em 1934, para Dalbérgia, passando a denominar-se Ibirama em 1943. O termo significa, em linguagem indígena, "terra da fartura".
             Ibirama é uma cidade pequena, pacata, muito limpa e arborizada. É cortada pelo Rio Hercílio que, nesses dias, estava com o nível bastante alto, com águas revoltas, de encher os olhos.
             Construções antigas, preservadas - como a propriedade do Sr. Ademar Scheaffer - o Hospital Hansa Hoehe, imponente, no alto da colina e do outro lado do rio, como a cumprimentá-lo, sobre outra colina, a Igreja Martin Luther, são objetos de deleite.
           A melhor maneira de conhecer o centro da cidade é caminhando. E, já ao final do passeio, cruzando a ponte, bem no meio, descansar nos bancos ali instalados para apreciar a paisagem.

Casa preservada (Propriedade de Ademar Scheaffer)

O Hospital Hansa Hoehe

A Igreja Martin Luther 

Vista do Rio Hercílio

Banco no meio da ponte
          

sábado, 12 de dezembro de 2015

Ano literário

          O ano de 2015 foi prolífico, com muitas atividades literárias envolvendo diversas agremiações de escritores em nosso estado.
          Foram muitos os lançamentos de livros, ao longo do ano, com a apresentação de novos autores, além daqueles já consagrados.
          As Academias de Letras buscaram o preenchimento de suas cadeiras. Cada posse solene, com alguma variação em seu ritual, todas bem organizadas, com grande apelo emocional e demonstrando a alegria, tanto dos novos empossados como dos empossantes e convidados.
          Tivemos ainda eventos como o aniversário de 20 anos de fundação da Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses, em 20-10-2015 e o 2º Encontro de Academias, Escritores e Poetas de Santa Catarina, realizado em Ibirama no dia 21-11-2015, promovido pela Academia de Letras do Brasil. Não faltaram as reuniões e encontros mensais, onde cada autor apresenta seus trabalhos, sempre com a presença de um público atento e interessado: Os ouvintes e leitores, sem os quais não há sentido em escrever.
          Por todas essas razões a Academia de Letras de Palhoça deseja aos seus membros, aos membros das Academias, Grupos e Associações coirmãs e a todos os leitores e simpatizantes, Boas Festas e um excelente novo ano!



sábado, 28 de novembro de 2015

2º Encontro de Academias de Letras, Escritores e Poetas de Santa Catarina


          Participamos, representando a Academia de Letras de Palhoça e também a Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas de Santa Catarina, deste 2º Encontro de Academias de Letras, realizado em 21-11-2015, na aprazível cidade de Ibirama-SC.
          O evento realizou-se nas dependências do Colégio Hamônia, iniciando-se com desfile das diversas delegações, por ruas da cidade, até a referida instituição de ensino, onde prosseguiu, com apresentações musicais, de danças folclóricas, palestras e recital de poesia - no qual marcamos presença.
          Participaram do encontro, entre outros, a Sra. Apolônia Gastaldi - Presidente da Academia de letras do Brasil-Seccional Ibirama, o Sr. Prof. Miguel João Simão - Presidente Estadual da Academia de Letras do Brasil, o Sr. Dr. Mário Carabajal Lopes - Presidente Nacional da Academia de Letras do Brasil, o Sr. Sérgio Mattos - Presidente da Academia de Letras do Brasil-Itajaí, a Sra. Maria do Carmo Tridapali - Presidente da Academia de Letras de Nova Trento, além de autoridades locais e acadêmicos de diversas Academias, entre outras, de Presidente Getúlio, Lontras, Jaraguá do Sul, Laurentino, Brusque, Itajaí, Penha, Nova Trento, Palhoça e Massaranduba.
          Foram palestrantes o Sr. Miguel Simão, já citado, o Escritor Wanderlei Salvador, o Professor Harry Wiese e o também Professor Evandro André de Souza, que discorreu sobre "Franklin Cascaes e a Cultura Pesqueira da Ilha de Santa Catarina".
          Depois da posse solene dos novos Acadêmicos o evento foi encerrado, anunciando-se para 2016 o 3º Encontro de Academias, a ser realizado em Laurentino-SC, em data ainda a definir.
         À cidade de Ibirama, ao Colégio Hamônia e à Academia de Letras do Brasil-Seccional Ibirama , nossos agradecimentos por tão simpática e calorosa acolhida.

Ney Santos
Academia de Letras de Palhoça
Acadêmico - Diretor de Relações Institucionais
Membro da Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses


O desfile 

Confraternizando com representantes da ALB-Itajaí (E), ALB-Estadual,
Academia de Letras de Nova Trento e ALB-Nacional (D)
   
Apresentação de Dança Folclórica


domingo, 15 de novembro de 2015

A consulta

          Dizem - e eu não afirmo - que, certa vez, um comentarista esportivo, muito conhecido por narrar as partidas de futebol da Seleção Brasileira e também corridas de Fórmula 1, precisou levar sua esposa, grávida, para uma consulta médica.
        Chegando na clínica, dirigiram-se, em silêncio, ao consultório previamente determinado. Na porta, abaixo do nome do médico, constava a sua especialidade: OBSTETRA.
          O comentarista então, não se contendo, saiu pelo corredor, gritando a plenos pulmões:

             - É tetra. É tetra, é tetra. O doutor é TETRAAA...!!

sábado, 31 de outubro de 2015

Coisa-feita (1979)


 Num encruzo 
A coisa-feita
Quem espreita
É coisa-má

Numa noite
Vem Zumbi
Zumbe o vento
No telhado

Sopra um medo
Carregado
Como estórias
De fantasmas

E eu que não me assusto nunca
Levo um susto desgraçado
Quando vejo o tal Saci-Pererê


Saci-Pererê

Notas
Coisa-feita: Bruxaria, "trabalho" deixado pelas bruxas em encruzilhadas.
Coisa-má: o diabo, coisa-ruim.

sábado, 17 de outubro de 2015

São José da Terra Firme

          Já falei, neste blog, sobre tantas cidades, deixando de lado aquela em que resido desde 1979. O motivo para isso é que "eu a conheço", esquecendo-me que, para quem mora em outros lugares, ela é uma cidade turística que merece ser divulgada e visitada.
          Frequentemente, quando me perguntam onde moro, dizem-me que não conhecem a cidade. Falo, então:
          - Você conhece Florianópolis?
          - Sim, é claro!
          - Pois passou por dentro de São José. Vindo do norte, do sul ou do oeste é caminho obrigatório para se chegar à capital...
          - É mesmo? Eu não sabia.
          Pois bem. A cidade de São José é um município limítrofe a Florianópolis, fundada em 1750, estando entre as maiores economias e mais populosas cidades do Estado de Santa Catarina. O centro histórico, com seu casario bem preservado, é digno de apreciação, tornando-se em excelente passeio.
        Também neste mesmo centro histórico, mais precisamente na praça da matriz, realiza-se todo segundo domingo de cada mês (exceto quando a chuva não permite), a Feira da Freguesia, que tem por objetivo divulgar a cidade tornando-a mais atrativa turisticamente.
          A feira, que dura o dia inteiro - no verão se estende até às 10:00 hs da noite - busca mostrar produtos da cultura açoriana, como: Olaria, rendas, artesanatos em tecidos, madeira e outros, gastronomia e apresentações teatrais, de danças diversas, boi-de-mamão, pau-de fita e ainda shows com bandas locais. A organização sempre à cargo da Fundação Municipal de Cultura e Turismo de São José, que faz um ótimo trabalho.
          Nesse dia todos os locais de visita permanecem abertos, com entrada gratuita. Entre eles, temos: A Igreja Matriz, a Casa da Cultura, Biblioteca Municipal, o Museu Histórico de São José e outros pontos turísticos, inclusive com visitas guiadas.
          Um bom programa de domingo, sem dúvida! 

 Igreja Matriz 

 Museu Histórico de São José

 Teatro Municipal

Feira da Freguesia
(Banca Trabalhando com Arte)

sábado, 3 de outubro de 2015

Meus pais
Por: Hugo Lino dos Santos

            Meu pai, Manoel dos Santos, nasceu em Indaial em 25 de fevereiro de 1896. Aprendeu o ofício de charuteiro – tendo trabalhado 3 anos, apenas em troca de comida . Trabalhou em Blumenau por vários anos. Esteve em Timbó e Jaraguá do Sul à procura de emprego. Finalmente, no início da década de 1920, mudou-se para Rio do Sul.
              Minha mãe, Aurélia Bona, nasceu em 28 de março de 1902, em Arrozeira, hoje, município de Rio dos Cedros. Órfã de mãe, por volta dos 5 anos de idade, passou a morar definitivamente com os avós Trentini, em Cuaricana, hoje, município de Ascurra. Aos 18 ou 19 anos – quando a avó, Catarina Trentini, faleceu – foi morar em Blumenau, com os tios Domingos Largura e Maria Trentini. Lá permaneceu por um ano, quando houve a mudança para Rio do Sul.
            Ali, meus pais se casaram, em 06 de fevereiro de 1926 e residiram até 1927. Ambos trabalhavam na fábrica de vassouras e chapéus de palha, de propriedade do tio Largura. Após o fechamento da fábrica, sem trabalho, compraram uma colônia, fiado, em Barra do Trombudo. Ali eu nasci em 21 de dezembro de 1931.
          Não foram bem sucedidos na agricultura e, uns 3 ou 4 anos depois, venderam a propriedade e compraram uma pequena “chácara” no Km 4 da estrada de Taió. Meu pai voltou a trabalhar como empregado, durante algum tempo, na firma “Carlos Schroeder”, em Rio do Sul, a cerca de 10 km de casa. Saia de madrugada, antes das cinco horas da manhã de 2ª feira e voltava no sábado à noite. Fazia um trecho à pé e outro de trem.
           Minha mãe cuidava da roça, das crianças, das vacas... São desse tempo minhas primeiras lembranças. Algumas boas, outras nem tanto. Em 1938 ou 39, a febre Paratifoide vitimou alguns de nossos vizinhos, inclusive meu padrinho, João Buzzi. Logo após veio a peste do gado. Meus pais tínham três vacas, uma novilha e uma bezerrinha. As primeiras morreram, a novilha virou charque no dia em que amanheceu “triste”, sobrando apenas a bezerra Chitinha. A vida deles foi toda marcada pela miséria, mas nessa época, tenho certeza, passamos fome.
            Nova mudança. Outra colônia, bem próxima, do outro lado do rio. Uma casa muito pequena, caindo aos pedaços. Mamãe, com os filhos mais velhos, ia para a roça; papai, em períodos alternados voltava a trabalhar como operário. Em 1940, fui para a escola. Mais tarde, meus pais, com a ajuda dos filhos mais crescidos, conseguiram construir uma casa, de madeira.
            Em 1953 mudaram para uma chácara em Laurentino. A família começa a se dispersar. Eu já estava em Mondaí desde 1952, após ter dado baixa do exército, em Lages. Os filhos mais velhos casaram. Nova mudança, dessa vez para Lontras, onde papai e mamãe adquiriram uma meia colônia, muito acidentada, junto à pequena cidade.
          Quando não puderam mais trabalhar, transferiram-se para um lote urbano, no bairro Cantagalo, em Rio do Sul. Para esse fim, contaram com a ajuda de meus irmãos mais velhos.
         Mamãe ainda pode criar alguns porcos e galinhas, mas não vacas (sua grande paixão). O terreno tinha um quintal com algumas árvores frutíferas. Esta última mudança ocorreu em 1971, aonde meu pai veio a falecer, em 2 de outubro de 1983, aos 87 anos de idade. Este foi o ano da grande enchente, a maior ocorrida em Rio do Sul até aquela data. A casa deles também foi atingida com um metro e meio de água dentro de casa. Papai já estava muito doente, por isso trouxe os dois para nossa casa, em Florianópolis, durante uns vinte dias – o meu irmão João os conduziu de volta. Na vinda, pernoitamos em Indaial, na casa da tia Otília e ele pode, ainda, conversar com os irmãos João e Ervino. Presenciei abraços e lágrimas (de despedida).
          No dia seguinte tive de interromper uma, agora, animada conversa entre eles e os separei para sempre. Passamos pelo centro de Blumenau, por insistência da mamãe. Passamos também pela cidade de Brusque, por causa dos estragos nas estradas.
          Após o falecimento de papai, mamãe passou a morar em uma casa alugada, também em Rio do Sul. A nossa irmã Iolanda continuou cuidando dela como já vinha fazendo com os dois, há muito tempo. Mamãe faleceu em 23 de março de 1989, coincidentemente, também com 87 anos, depois de permanecer acamada durante dois anos, em consequência de AVCs (dois seguidos) que sofreu.
          Ambos estão sepultados no cemitério de Rio do Sul.


Manoel e Aurélia dos Santos - Setembro de 1979

sábado, 19 de setembro de 2015

Casa amarela (1988)


 Era uma casa 
Toda amarela
Tinha na porta
Uma tramela
E um menino
Morava nela

Tinha uma bola
E uma gamela
E o menino
Se banhava nela

Era uma casa
De telhas vermelhas
E no jardim
Moravam abelhas

E o menino
De ar tristonho
Tinha um sonho:
Morar em Paris!

sábado, 5 de setembro de 2015

Visitando a Casa Krüger

          No livro "Alicerces da Memória - 60 bens tombados pelo Estado de Santa Catarina", publicado em 2003, um dos monumentos é a Casa Krüger, localizada no trevo de Pirabeiraba, em Joinville.
           Este foi o destino escolhido para o último domingo de agosto de 2015.
          Saímos cedo em direção ao norte do estado, percorrendo a nossa já tão conhecida BR-101. O trânsito estava bem tranquilo e o dia maravilhoso para um passeio como este, com céu claro, sol e pouco vento.
          Na altura de Penha/ Barra Velha encontramos dezenas de ciclistas que se dirigiam, pelo acostamento, na direção norte. Turismo de pedaladas, muitas pedaladas...
          Após um gostoso almoço em restaurante à beira da estrada, seguimos para a visita turística.
          A casa em questão é imponente e bela, exibindo, no andar térreo, uma varanda com dez arcos na frente e em uma das laterais. Segundo informações, durante as enchentes de 1995 a água chegou a encobrir as esquadrias do pavimento inferior sem, contudo, causar maiores estragos.
       Parte do casarão foi construído em 1895, na técnica do enxaimel e o restante concluído em 1925. Os assoalhos são de madeira, bem como algumas das paredes divisórias, no pavimento superior.
         Nota-se a necessidade urgente de manutenção e recuperação de alguns detalhes como a sacada com grade de ferro, no andar de cima.
        Ainda, no terreno, há um galpão onde o grupo "Mania de Kriar" atende todos os domingos, expondo e vendendo produtos artesanais em tecido, bordados e produtos coloniais.
          Após uma visita à família Moser - minha tia Odete e alguns primos - empreendemos retorno, chegando em nossa cidade (São José) já à noite. Horário de trânsito pesado.
          Agora é só preparar novo Passeio!  

 A Casa Krüger

 Uma vista do jardim

Estou feliz! 

Na varanda

domingo, 23 de agosto de 2015

Desencontros (2011)


 João viu Maria 
Não
João amou Maria
Não
João perseguiu Maria
Não perseguiu João

João idolatrou Maria
Quem diria?
Maria não!

Onde estará Maria?

sábado, 8 de agosto de 2015

Os cães são meus amigos

          Por alguma razão, que desconheço, a maior parte dos cães se afeiçoa a mim com muita facilidade. Em qualquer lugar que eu vá, os encontro - ou eles me encontram - e estabelecemos uma relação de amizade. Algumas vezes definitiva, outras, temporárias.
          Amigos caninos de rua, dentro de cercados, de raça ou não, machos ou fêmeas. Amigos que me olham nos olhos e me desarmam rapidamente.
          Assim aconteceu na última viagem que fiz à cidade de Laguna. Estávamos defronte ao Museu Anita Garibaldi e lá vieram eles. Dois machos de porte relativamente pequeno. É claro que esses cães vivem por ali e são alimentados por moradores locais e acostumados ao contato com humanos, mas o fato é que eles se aproximaram de mim sem a menor cerimônia. Foi amor à primeira vista.
          Na minha rua tem uma cadela Pitbull, já bem velha, meiga e muito dócil, que vive livre e solta. Desde pequena, quando cruzamos, lhe faço um agrado. Não sei seu nome, mas não faz falta. Digo-lhe algumas palavras, faço um carinho e sigo meu rumo sabendo que ela está contente.
          Meus dois cães, Johny e Manoela, foram adotados e hoje são meus companheiros. O Johny, neste instante, está deitado aos meus pés e a Manoela, depois de tomar um sol e latir para alguém que passou na rua, acaba de fazer o mesmo. Já estão ressonando...!

p. s. - Hoje, dia 08/08/2015, resgatei outra cadela, uma Yorkshire (acho), que foi abandonada na porta da minha casa. Dei-lhe o nome de Lola. Carrapatos retirados, banho tomado e sendo preparada para um novo lar (ou talvez fique por aqui mesmo). Que seja muito, muito feliz!

 Os cães em Laguna

 A Pitbull

 Johny e Manoela

 Lola depois do banho

domingo, 26 de julho de 2015

Laguna - De Ana de Jesus Ribeiro

        Laguna do Marco de Tordesilhas, dos barcos pesqueiros e sambaquis. Laguna de Giuseppe Garibaldi que, conquistando a cidade, conquistou também o coração de Anita.
        Laguna das lutas e da República Juliana, da vida pacata e dos casarões. Laguna museu.
         Laguna das praias e do Farol de Santa Marta, do Mirante da Glória e de tanta história.
        Laguna das três pontes - como na capital - uma de ferro, tão perto do fim. A outra, antiga e cansada, útil ainda.
          Laguna da nova ponte, majestosa e soberba, mirando o futuro.

 Uma vista do Centro Histórico de Laguna

 O Tratado de Tordesilhas (07-06-1494)

 Casa de Anita Garibaldi

          A nova ponte

sábado, 11 de julho de 2015

Espaços (1978)


 Eu quero um apartamento quadrado 
Com quatro janelas quadradas
E a cama, naturalmente
No quarto

E na parede do quarto
Um quadro quadrado
Que se enquadre perfeitamente
Nas simetrias de cada espaço
Do meu corpo e da minha mente

domingo, 28 de junho de 2015

E por falar em cães...

          Desde que me lembro, sempre havia um cachorro em nossa casa. Ficava preso na corrente. Naquela época todos os cães ficavam presos... Brincávamos com eles, com limitações.
          Depois de adulto, já em minha própria casa, tivemos duas cadelas, da raça Fox, que ficavam soltas, com livre acesso ao interior da residência. A primeira viveu conosco por onze anos. Chamava-se Novelo. A segunda viveu quinze anos. Seu nome era Mikaela.
          Após a partida da Mika, adotamos uma cadela, já adulta, de porte médio (doze quilos), que batizamos de Manoela.
          Essa cadela é fora-de-série. Gosta de "conversar", mais ou menos assim:
          - Aunf, hãrrr...mmm, uauf, ahhhhhhhhhh...
          E se lambe ou aponta alguma coisa que esteja chamando sua atenção. As vezes, enquanto trabalho (tenho uma sala em casa), vem até meu escritório, apoia-se na mesa, de frente para mim e resmunga, ao mesmo tempo tentando cutucar-me com a pata dianteira direita. Sempre a direita!
          A Manoela não é de raça, embora pareça bastante com uma Wippet dourada, de pernas longas, próprias para correr, tronco ossudo e abdome bem fino. É muito exibida. Adora se produzir, como em certo dia frio do inverno passado em que vestiu sua blusa de lã e, de chapéu, posou para uma foto. Scooby-Doo ou Monalisa? Talvez... Manoelisa.
          Agora adotamos um macho, meio Pastor Alemão, que ela entendeu como seu filho. Chama-se Johny. Mais pesado do que ela - vinte e poucos quilos de pura alegria - não tem parada. São amigos, divertem-se o tempo todo. Fazem cabo-de-guerra com uma corda na qual dei alguns nós, inventam lutas, corridas e latidos. Muitos latidos!
          A vida para eles é uma festa sem fim e com isso alegram também a nossa vida!

 Manoela produzida

 Somos valentes...

  Mas também somos amigos!

sábado, 20 de junho de 2015

Ser (1986)

 Sou com a relva 
Macia que estrala
Há lá uma estrela, bela

Sou como a água
Da chuva
Que chove, ouve

Sou como o sonho
Que voa, havia
Uma luz fugidia

Eu sou algum dia
O centro que explode

domingo, 7 de junho de 2015

Prudência


          Finalmente Eduardo estava completando dezoito anos. Agora sim, poderia assistir filmes para maiores, em qualquer dos quatro cinemas existentes na cidade, naquela época. Poderia tirar carteira de motorista e, seu maior sonho, comprar uma motocicleta. A vida seria totalmente diferente, seria dono de seus próprios atos. Maravilha!
          Tudo estava indo bem. Eduardo, depois de longa busca, encontrou uma moto que "cabia" no seu bolso, fez as provas para alteração da categoria em sua carteira de habilitação, recebeu a dita-cuja e partiu, no mesmo instante, para o centro. Na primeira curva mais fechada, devido à sua total inexperiência, a moto "fugiu" dele. Eduardo, por sorte, conseguiu manter-se de pé, levantou a moto e, meio assustado, continuou seu caminho.
          Passaram-se seis meses de aprendizado e alguns tombos sem gravidade. Cada nova situação lhe ensinava algo mais.
        Já próximo ao natal daquele ano de 1976, Eduardo se considerava "piloto". Aconteceu, então, um acidente grave que resultou em várias fraturas e na necessidade do uso de muletas.
           Enquanto a moto era consertada o rapaz sossegou, mas quando ela ficou pronta não deu mais prá segurar. A moto precisava ser utilizada e, como as idas ao hospital ainda eram frequentes, Eduardo ia de moto. Em uma destas visitas, no corredor do prédio, encontrou o cirurgião que o havia operado. Após os cumprimentos o bom médico indaga:
          - Eu não lhe disse para usar as duas muletas?
          - Sim, o senhor falou, mas usando uma só, fico com a outra mão livre. Além do mais, é difícil prender as duas muletas no bagageiro da moto...
          - Não acredito! Você voltou a pilotar? Depois de todo o trabalho que tivemos para salvar sua perna? Os outros médicos queriam, simplesmente, amputar.
          Ao que , Eduardo respondeu:
          - Entendo a sua preocupação, mas pilotar motocicletas está no meu sangue e prometo que serei mais prudente a partir de agora.
          Ser prudente. Eis a questão! Parafraseando o autor de um artigo referente à motocicletas, o mesmo dizia "não existem motociclistas velhos imprudentes. Ou se é velho ou imprudente".
         E essa é uma grande verdade. Os imprudentes morrem novos. Precisamos, motociclistas e motoristas, estar atentos e prevenidos para as surpresas do trânsito, que são muitas. Como diz minha mãe "cautela e caldo de galinha não fazem mal à ninguém".
             Velocidade e imprudência matam. E eu desejo ver meus colegas motociclistas bem velhinhos, prendendo suas bengalas no bagageiro das motos antes de iniciar mais uma viagem!


 Modêlo-SC

São Bonifácio-SC
      

domingo, 31 de maio de 2015

Uma estrela (1982)


 Como a mata 
Que oculta a armadilha
Como a noite
Que da brecha não se vê
De repente brilha
Uma estrela

Como o vento que açoita
E o mar que tão mal
Trata a rocha
Como alguém
Que se esconde atrás da moita
De repente surge
Uma força

Como a fome
Que aperta
Como a dor que se alimenta
Dela mesma
De repente, lute

domingo, 24 de maio de 2015

Paixão por duas rodas

          Motocicletas. Ah, as motocicletas...! Quarenta anos pilotando-as e elas me fascinam, cada vez mais.
          Lembro-me bem da primeira vez que vi uma reportagem sobre motos, na revista "Seleções do Reader's Digest", lá nos anos 60. Era sobre o piloto italiano Giacomo Agostini, campeão mundial de motovelocidade, na categoria 500cc, de 1966 a 1972. O cara era fera demais! Eu, menino, já sabia ler e aquele artigo deixou marcas profundas em mim.
          Posteriormente, por volta de 1973, um colega de colégio, alguns anos mais velho que eu, ganhou de seu pai uma motocicleta Honda, vermelha (adoro esta cor nas motos) e desfilava com ela no Instituto Estadual de Educação, em Florianópolis, onde estudávamos. A paixão aumentou, colecionava figurinhas de motocicletas, assisti "Easy Rider", o clássico filme com Peter Fonda, comprava - e compro - revistas especializadas, finalmente adquiri minha primeira moto. Diverti-me muito, sozinho, acompanhado de minha esposa, em grupos de motociclismo...
       Agora, após tantas aventuras sobre duas rodas, deparo-me com imagens de motocicletas antigas e fico a divagar em como seria pilotar uma destas, no início do século passado, com péssimas estradas, pneus que furavam a toda hora e ouvindo as mães, tias, namoradas, chamando os pilotos de loucos. Aliás, continuam nos chamando assim até hoje. A adrenalina sobe só de pensar nas antiguidades que, abaixo, compartilho com vocês, amigos motociclistas e demais leitores. Divirtam-se!
       




   
          

sábado, 16 de maio de 2015

Gente vazia (1979)


 Quando anoitece 
O povo todo adormece
Então eu reflito
Penso na minha gente vazia

Sem poder mais falar
Sem querer mais ouvir
Sem saber mais sonhar
Sem amar
Sem sofrer
Sem sentir
Sem sorrir
Sem um ponto de apoio
Sem fé
Sem confiança
Sem esperança
Sem nada prá dar

Então eu reflito
Penso na minha gente
Vazia

segunda-feira, 11 de maio de 2015

No rio Canoas

Cartão-postal destruído


          Todas as vezes que viajo para o oeste catarinense, costumo parar junto à ponte sobre o rio Canoas, na divisa dos municípios de São José do Cerrito e Vargem, para apreciar uma das paisagens mais bonitas, ao meu ver, do estado.
          Trata-se de um conjunto de pequenas ilhas no meio do rio, com um pouco de corredeiras, compondo um cenário de encher os olhos. Além do mais, o rio Canoas foi palco de batalha durante a fuga de Giuseppe e Anita Garibaldi, em 1840, para o Uruguai, após o fim da República Juliana, em Laguna.
       Estes fatores, conjugados, evocam-me sensações difíceis de descrever, transportando-me no tempo, divagando...
            Para surpresa e tristeza nossa (eu e minha esposa), na última viagem que fizemos, na páscoa deste ano - para Palma Sola - encontramos o "nosso" lindo lugar modificado, já quase irreconhecível.
        Por causa da construção de uma represa para geração de energia elétrica - necessária, é bem verdade - está se formando uma espécie de lago que aos poucos vai encobrindo as ilhotas. As corredeiras já não existem mais e a água engole rapidamente as antigas margens.
          A pergunta que me ocorre é se há mesmo necessidade de gerar energia destruindo paisagens tão lindas como esta, do rio Canoas ou, por exemplo das fantásticas "Sete Quedas", engolfadas pelo lago de Itaipú.
          Temos tanta fartura de vento e de sol. Produzir energia eólica ou solar agride muito menos o meio-ambiente, não é necessário desapropriar tantas famílias, cidades inteiras - lembrem-se de Itá - e tem custo menos elevado que as gigantes hidrelétricas.
          Quando nossas autoridades começarão a pensar com mais bom-senso, lembrando de gerar progresso aliado à preservação da natureza?
         É muito triste saber que nunca mais poderemos apreciar aquela paisagem novamente!
          Por esse motivo, como um desabafo e alerta, escrevo este texto e, abaixo, coloco fotos tiradas em 2009 e 2015, do mesmo ponto, para comparação.
          Gente! É preciso que todos nós tenhamos uma consciência cada vez mais voltada à preservação da natureza, antes que acabemos com tudo à nossa volta. 

 
Novembro de 2009: Ilhas vivas (lado sul) 

Abril de 2015: As árvores morrendo (lado sul)

 Novembro de 2009: Margens intactas

     Abril de 2015: O rio avança sobre as margens (lado norte) 

sábado, 2 de maio de 2015

O rio (2011)

 (Uma homenagem ao "falecido" rio Capivara em Mondaí-SC) 

Na minha infância
Havia um rio
Meu rio morreu
Quem matou meu rio
Não fui eu

E os sonhos que sonhei
Se foram
Como as águas do meu rio

Agora quero dormir
E sonhar
E ver meu rio
No mesmo lugar

domingo, 26 de abril de 2015

Palma Sola

Uma cidade surpreendente


          Poucos dias antes da última Páscoa, recebi convite para visitar meus tios Antenor e Zirliete Perozzo, que recentemente mudaram para a cidade de Palma Sola.
        Confesso que não estava entendendo o motivo pelo qual um casal, depois de ter passado uma vida inteira em outra cidade, já estabilizados financeiramente, começaria tudo novamente em outro local.
          Não estava entendendo até chegar à Palma Sola, que eu e minha esposa ainda não conhecíamos.
          Então, a surpresa. A começar pelo ar puro da região. Altitude de quase 900 metros acima do nível do mar, bem arborizada, tanto no entorno como dentro da cidade, um parque ambiental com árvores nativas como pinheiros, timbós, cedros e outras espécies, relevo salpicado de colinas suaves o suficiente para não ser monótono (prefiro relevos acidentados), muitas avenidas com canteiros centrais arborizados, que na primavera devem ficar ainda mais belos e um povo simpático, na maioria descendentes de italianos.
         Agora sim, compreendo a razão da mudança destes meus tios. Palma Sola, que fica a cerca de 750 quilômetros de Florianópolis, na divisa com o Paraná, pertinho da Argentina, tem tudo o que se espera de um lugar para se viver bem, além de ter espaço de sobra para crescer.
        Só esperamos que o progresso não lhe retire a graça e este ar bucólico que hoje tem.

 Palma Sola

 No parque ambiental

 Árvore decorada com ovos (Páscoa)

    Uma vista parcial

sábado, 18 de abril de 2015

As cobras (2014)


 Num ninho de cobras 
Quatro cobras havia
Uma era nova
As outras nem tanto

A mais jovem era esguia
Se achava e fazia
As outras três
Língua comprida

A cobra mais nova
De olhos marcantes
Só de soslaio
Enquanto as demais
Destilando veneno

Até que um dia
Em que a fome era tanta
Morderam-se
Umas às outras...
E fim!

sábado, 11 de abril de 2015

Hotel Áustria - Treze Tílias

       Sempre me entristece saber que alguma obra ou monumento antigo foi demolido, principalmente se aquilo fez parte, em algum momento, da minha vida.
          Assim é que em Treze Tílias, cidade de colonização Austríaca, fundada em 1933, na região oeste de Santa Catarina, por Andreas Thaler (Ministro da Agricultura da Áustria), existia o mais antigo hotel da cidade, denominado "Hotel Áustria".
          Este hotel, construído em 1948, misto, de madeira e alvenaria, tinha um atrativo todo especial e onde me hospedei, juntamente com minha família, por várias vezes. No hall de entrada, entre outros objetos, havia um piano antigo, um relógio de pêndulo (de coluna), todo o mobiliário em madeira escura e trabalhada.
       As escadas e corredores, de madeira, rangiam agradavelmente sob nossos pés, transportando-nos para lugares que jamais visitamos. Tinha-se a sensação de estar em um castelo europeu, daqueles dos filmes. Até mesmo os números nas portas dos apartamentos eram esculpidos em madeira.
          Meu apartamento preferido era o último, à esquerda, no terceiro andar. Da sacada, a vista era privilegiada e por volta das 5:00 hs da manhã víamos a passagem dos caminhões de leite da empresa Tirol, para mais tarde consumirmos um delicioso café da manhã, preparado por D. Gê, sempre alegre e sorridente, usando roupas típicas da Áustria.
          Pois bem, o progresso, guloso, sempre consegue tudo o que quer e o nosso saudoso Hotel Áustria teve de ceder espaço a alguma nova construção, moderna e sem calor humano, que terá de fazer uma nova história e no futuro sucumbir ao maldito, ou bendito progresso.
          O fato é que com a demolição do hotel perdeu-se muito da história desta bela cidade, com sua arquitetura única em nosso estado, berço de entalhadores em madeira (escultores) e paisagem soberba.
          Só nos resta relembrar - e compartilhar - através de textos e fotografias, os fatos que aos poucos vão sumindo de nossa memória.

 O Hotel Áustria

 A praça central

Vista a partir do hotel

sábado, 28 de março de 2015

Um convite

Poemas (1986)


Não procuro rimas
Não faço métrica
Deixo fluir
Meus poemas
Como fossem
Bolhas de sabão
Transparentes e serenas


          Na verdade, agora minhas bolhas estão fluindo para um livro, que será lançado no dia 1º próximo, às 19:30 hs, no piso superior do Museu Histórico Municipal. Centro Histórico de São José . Agradeço a todos pelo apoio, pelas visitas que fazem e lhes estendo convite para o evento.
Abraços do Ney Santos 

 Convite

O livro