terça-feira, 20 de novembro de 2018

A Casa do Poeta Lindolf Bell

Ney Santos


Por volta do ano de 1987, quando eu contava apenas três décadas de vida, conheci o artista plástico – escultor e pintor – Mano Alvim, o criador do monumento ao Contestado, erigido no município de Irani-SC. Ele viu meus trabalhos e, parece-me, gostou bastante, ao ponto de tentar dar-me uma “forcinha”. Haveria, nesta ocasião, um encontro literário com a presença, entre outros, do poeta Lindolf Bell e ele, Mano, desejava me apresentar ao grupo como um “novo poeta catarinense”. Tremi nas bases... O local do evento seria um restaurante em praia do leste da Ilha de Santa Catarina, que eu nem sabia ao certo como chegar lá. E aconteceria naquela noite! Para piorar tudo, no final da tarde começou a chover muito. Relâmpagos, trovões e água. Não fui ao tal encontro. Na semana seguinte recebi uma descompostura e sofri o, justo, afastamento do meu amigo, que não confiava mais em mim. Lamento até hoje, trinta anos depois, a minha atitude, a minha falta de coragem.
Tantos anos se passaram até que, em 2017, recebi convite para ocupar uma Cadeira na Academia Alcantarense de Letras – Acalle, de São Pedro de Alcântara, o primeiro núcleo de colonização germânica em Santa Catarina, fundado em 1829. Para minha alegria, entre os nomes que me foram apresentados como possíveis Patronos da Cadeira 07, constava o de Lindolf Bell. Não pestanejei e o escolhi, imediatamente! Uma forma de remediar um pouco aquela minha falha.

No último feriado, 15 de novembro de 2018 – dia da Proclamação da República – consegui ir até Timbó, terra natal de Lindolf, para uma visita à Casa do Poeta. Ali pude sentir um pouquinho a proximidade – apesar de estarmos em planos diferentes – do poeta catarinense de tanta expressão. Apreciei fotografias, roupas, móveis e utensílios diversos, a sua biblioteca e prêmios recebidos, enfim, senti-me algo participante do seu ambiente de vida e também de trabalho.
A recepção, extremamente simpática, da funcionária Joelma, que nos ciceroneou – a mim, minha esposa e meus pais – em certos momentos causou-me emoção tamanha de quase levar-me às lágrimas.
Saí de lá mais leve e com a certeza – ainda maior – de que estou no caminho que devo seguir e que, de maneira às vezes meio torta, estou trilhando.



 A Casa do Poeta

 Fotos do Poeta

O jardim do Poeta


domingo, 27 de maio de 2018

Do contra (2016)

Se o voto não fosse obrigatório
"obrigado é pau de arrasto"
Votaria:
Por pirraça, por prazer
Malvadeza
Ou para demonstrar
Responsabilidade

Para buscar por mudanças
Destas tantas
Que anseia a sociedade
E não sendo obrigado a tal
Votar já não me pareceria
Tão mal!