A Casa do Poeta Lindolf Bell
Ney Santos
Por volta do ano de
1987, quando eu contava apenas três décadas de vida, conheci o artista plástico
– escultor e pintor – Mano Alvim, o criador do monumento ao Contestado, erigido
no município de Irani-SC. Ele viu meus trabalhos e, parece-me, gostou bastante,
ao ponto de tentar dar-me uma “forcinha”. Haveria, nesta ocasião, um encontro
literário com a presença, entre outros, do poeta Lindolf Bell e ele, Mano,
desejava me apresentar ao grupo como um “novo poeta catarinense”. Tremi nas
bases... O local do evento seria um restaurante em praia do leste da Ilha de
Santa Catarina, que eu nem sabia ao certo como chegar lá. E aconteceria naquela
noite! Para piorar tudo, no final da tarde começou a chover muito. Relâmpagos,
trovões e água. Não fui ao tal encontro. Na semana seguinte recebi uma
descompostura e sofri o, justo, afastamento do meu amigo, que não confiava mais
em mim. Lamento até hoje, trinta anos depois, a minha atitude, a minha falta de
coragem.
Tantos anos se passaram
até que, em 2017, recebi convite para ocupar uma Cadeira na Academia
Alcantarense de Letras – Acalle, de São Pedro de Alcântara, o primeiro núcleo
de colonização germânica em Santa Catarina, fundado em 1829. Para minha
alegria, entre os nomes que me foram apresentados como possíveis Patronos da
Cadeira 07, constava o de Lindolf Bell. Não pestanejei e o escolhi,
imediatamente! Uma forma de remediar um pouco aquela minha falha.
No último feriado, 15
de novembro de 2018 – dia da Proclamação da República – consegui ir até Timbó,
terra natal de Lindolf, para uma visita à Casa do Poeta. Ali pude sentir um
pouquinho a proximidade – apesar de estarmos em planos diferentes – do poeta
catarinense de tanta expressão. Apreciei fotografias, roupas, móveis e utensílios
diversos, a sua biblioteca e prêmios recebidos, enfim, senti-me algo
participante do seu ambiente de vida e também de trabalho.
A recepção,
extremamente simpática, da funcionária Joelma, que nos ciceroneou – a mim,
minha esposa e meus pais – em certos momentos causou-me emoção tamanha de quase
levar-me às lágrimas.
Saí de lá mais leve e com a certeza – ainda maior – de
que estou no caminho que devo seguir e que, de maneira às vezes meio torta,
estou trilhando.
A Casa do Poeta
Fotos do Poeta
O jardim do Poeta
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