Novos tempos
Nesses dias de quarentena acontecem, às vezes, coisas realmente inéditas. Situações que até a pouco ninguém, em sã consciência, acreditaria possível ou sequer imaginável.
Andamos todos desconfiados, mantendo uma distância de "segurança" das pessoas conhecidas ou não, dos amigos, dos parentes (é certo que alguns já tinham este cuidado - com os parentes - mas por outros motivos, pouco louváveis), dos maridos, das esposas e por aí afora.
Agora, de sexta-feira à noite até a madrugada da segunda não mais se escutam sons de festas, rodas-de-samba ou bailões. Nos domingos não há churrascos nem gritos ou palavrões pós ingestão de cerveja, muita cerveja...
Não há (ao menos na minha região) funcionários da Zona - não aquela da luz vermelha - transitando pra cima e pra baixo procurando motivos para multar nossos veículos estacionados em locais impróprios ou além do tempo permitido. Nem guardas de trânsito tenho encontrado. Sumiram todos, quase que por encanto.
O mais incrível me aconteceu no último 1º de Abril (e não é piada). Após diversas tentativas infrutíferas para pagar o meu boleto do Imposto de Renda nos terminais de auto atendimento, consegui, finalmente, uma senha para resolver o meu problema no interior da agência bancária. Fiquei na fila, guardando distância segura dos demais "filantes" e, chegada a minha vez, adentrei ao recinto. O guarda, junto à porta giratória, cumprimentou-me simpático (?) e nem questionou o fato de eu estar disfarçado, usando máscara. Sorriu como se me reconhecesse, apesar dela. Isto me deixou intrigado. Senão, vejamos:
Sou motociclista, sempre utilizando os acessórios recomendados, desde os meus vinte anos (agora na 3ª idade) e já fui barrado por usar, em dias frios, uma proteção de pescoço que me encobria o queixo. Já fui chamado a atenção por estar com o capacete no alto da cabeça. Já me olharam atravessado por entrar na agência usando as luvas de couro e me questionaram o fato de estar usando botas com proteção metálica (as chamadas biqueiras), pois interferem nos sensores de metal e agora entro mascarado no banco e ninguém liga? É o cúmulo...
Ah! o Imposto de Renda? Deu tudo certo, paguei feliz da vida e ainda ficou a impressão de que eu é que não sabia (quem sabe?) usar o fatídico terminal, é claro!
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