sábado, 29 de março de 2014

Luzes

Claro-Escuro (2012)


Gosto de velas
De vê-las sumirem
De ouvi-las, as chamas
Que chamam meu nome

De suaves sons
E vozes soturnas
Das sombras noturnas
Que murmuram seu nome

Gosto da luz
Que incide na fresta
De ver suas curvas
E medir
O tempo que resta


Analogias (2013)


Como uma noite
De lua
Que quando o tempo
Se tolda
Deságua-se

Como a réstia
De luz
Que quando a porta
Se fecha
Apaga-se

Como um rio
Que em meio ao deserto
Se acaba

E a voz que protesta
Feito uma chama
Sem ar, extingue-se

sábado, 22 de março de 2014

Um planeta agoniza

Liquidação (1985)


Tem de haver um jeito
Da terra sobreviver
Tem de haver um jeito
Da gente viver em paz

Sei que em breve terá lugar
Uma grande liquidação
De fenômenos naturais
Maremotos, terremotos, furacões
E ai de nós

Tem de haver um jeito
Da gente não morrer
Em cada esquina
Não morrer
Em cada poste
Não em cada construção


Siesta (1987)

Tenho medo de pensar
Que tudo pode acabar

Tenho medo de saber
Que não existe mais lugar
Seguro

Tenho olhos prá enxergar
Que o planeta quer é descansar
Se refazer

Tenho medo de acordar
E não ver o que havia
Já não há noite nem há dia
Não há noite nem há dia

O planeta quer é descansar
Se refazer


sábado, 15 de março de 2014

Rio do Sul, 1979

          Naquele mês de setembro, feliz com minha Honda CG 125 ano 1977 (com guidão morcego) e recentemente casado, resolvemos fazer uma visita aos meus avós paternos Manoel e Aurélia dos Santos, que nessa época moravam no bairro Cantagalo.
          Com toda a inexperiência de quem faz a primeira viagem de moto, sem equipamentos adequados e com a esposa grávida, lá fomos nós quase "easy rider".
          Trecho de ida tranquilo, subindo pela Serra do Ibirama, estadia deliciosa curtindo os avós que, como sempre, demonstraram muita alegria em nos receber e saber que tinham um bisneto a caminho (Seria nosso filho Cassiano). Rodamos pela cidade, visitamos alguns parentes e decidimos voltar na 2ª feira.
          O tempo estava fechado em Rio do Sul e já na altura de Lontras, desabou água. Foram mais de 100 km sob temporal. Chegamos em casa encharcados. O resultado foi que, junto de uma bela gripe fomos "contaminados" também pela deliciosa mania de viajar de motocicleta.
          O resto, é claro, todos sabem!

Na Serra do Ibirama 

 A casa no bairro Cantagalo

 Manoel e Aurélia

sábado, 8 de março de 2014

Abstratas

Segredo (2010)


Ninguém quer ver
Mas está lá.

Um dia alguém
Há de saber
Que lá está.

Invisível aos olhos
Que não sabem ver.


Das coisas que não se vê (2005)


É a mesma que desce
Dos pés à cabeça
Que lava a alma
Dos corpos cansados.

Como vela que apaga
No fim do pavio
Que nunca se sabe
Nem nunca se viu.

Como o sonho que existe
Que se persegue
Sem alcançar
Depois da esquina.

É a mesma que aquece
E esfria
Ou renova o dia. 

sábado, 1 de março de 2014

2000 km com uma Honda ML 125

          Em fevereiro de 1983, eu e minha esposa fizemos a nossa primeira travessia de Santa Catarina com uma motocicleta.
           Desta vez uma Honda ML 125 ano 1980.
          No primeiro dia de viagem, com direito a um aguaceiro na Serra de Ibirama, fomos até Rio do Sul, onde pernoitamos na casa de meus avós paternos, Manoel e Aurélia dos Santos.
          No dia seguinte chegamos até Ponte Serrada e no terceiro dia finalmente alcançamos São Miguel do Oeste, onde moravam meus avós maternos, Mário e Adônia Silveira.
          A pequena 125 aguentou a ida tranquilamente.
          Curtimos vovô e vovó por quatro dias, mas como tudo que é bom dura pouco, era hora de voltar.
          No retorno pegamos um temporal em Pinhalzinho e tivemos um pneu furado. Por sorte um caminhoneiro solidário nos socorreu, transportando moto e viajantes até Joaçaba, onde, após o conserto seguimos para Rio do Sul. Pernoitamos em casa de meus tios João dos Santos e Naldi.
          O último trecho foi de Rio do Sul até São José, nossa residência.
          Foram ao todo dez dias incríveis no lombo da nossa valente ML 125
.
A Honda ML 125

 Em viagem - Curitibanos

Em São Miguel do Oeste