Cartão-postal destruído
Todas as vezes que viajo para o oeste catarinense, costumo parar junto à ponte sobre o rio Canoas, na divisa dos municípios de São José do Cerrito e Vargem, para apreciar uma das paisagens mais bonitas, ao meu ver, do estado.
Trata-se de um conjunto de pequenas ilhas no meio do rio, com um pouco de corredeiras, compondo um cenário de encher os olhos. Além do mais, o rio Canoas foi palco de batalha durante a fuga de Giuseppe e Anita Garibaldi, em 1840, para o Uruguai, após o fim da República Juliana, em Laguna.
Estes fatores, conjugados, evocam-me sensações difíceis de descrever, transportando-me no tempo, divagando...
Para surpresa e tristeza nossa (eu e minha esposa), na última viagem que fizemos, na páscoa deste ano - para Palma Sola - encontramos o "nosso" lindo lugar modificado, já quase irreconhecível.
Por causa da construção de uma represa para geração de energia elétrica - necessária, é bem verdade - está se formando uma espécie de lago que aos poucos vai encobrindo as ilhotas. As corredeiras já não existem mais e a água engole rapidamente as antigas margens.
A pergunta que me ocorre é se há mesmo necessidade de gerar energia destruindo paisagens tão lindas como esta, do rio Canoas ou, por exemplo das fantásticas "Sete Quedas", engolfadas pelo lago de Itaipú.
Temos tanta fartura de vento e de sol. Produzir energia eólica ou solar agride muito menos o meio-ambiente, não é necessário desapropriar tantas famílias, cidades inteiras - lembrem-se de Itá - e tem custo menos elevado que as gigantes hidrelétricas.
Quando nossas autoridades começarão a pensar com mais bom-senso, lembrando de gerar progresso aliado à preservação da natureza?
É muito triste saber que nunca mais poderemos apreciar aquela paisagem novamente!
Por esse motivo, como um desabafo e alerta, escrevo este texto e, abaixo, coloco fotos tiradas em 2009 e 2015, do mesmo ponto, para comparação.
Gente! É preciso que todos nós tenhamos uma consciência cada vez mais voltada à preservação da natureza, antes que acabemos com tudo à nossa volta.
Novembro de 2009: Ilhas vivas (lado sul)
Abril de 2015: As árvores morrendo (lado sul)
Novembro de 2009: Margens intactas
Abril de 2015: O rio avança sobre as margens (lado norte)