domingo, 25 de maio de 2014

Motocicletas e poesia

          Perguntaram-me recentemente como pode um motociclista ser poeta, ou o contrário? As duas coisas não parecem combinar.
          Na verdade, respondi, para mim tem tudo a ver. Quando me vem a inspiração, tenho uma necessidade premente de escrever e após sinto-me bem. As motocicletas causam-me a mesma sensação, quando as piloto, de tranquilidade, paz e satisfação.
          Viajar por horas a fio com uma motocicleta, apreciando, ouvindo, sentindo a paisagem é algo indescritível. Só os apaixonados por esse veículo conseguem, realmente, entender essa paixão que para muitos é absurda. Paixão capaz de fazer com que superemos o trauma de um acidente e voltar a pilotar com o mesmo gosto de antes.
          Poesias necessitam de rimas, sonoridade e mensagem, mesmo as mais soturnas e amargas. As motocicletas, dos mais variados estilos, sejam city, custom, esportivas ou as grandes estradeiras, entre outras, são pura poesia de formas, som e movimento.
          Para mim esta é a ligação entre as duas atividades. Necessito da ambas e enquanto me for possível continuarei a desfrutar delas e compartilhar com vocês, leitores.

 Minha paixão vermelha

 Pilotando

domingo, 18 de maio de 2014

Filosofias

Pés no chão (1983)


Como a noite que se acaba
Na virada da manhã
Como o tempo
Que escorre pelos dedos
Diluído
Como o céu que se estende
Pelo infinito
Prá maravilhar os olhos
Como os pés que tocam o chão
Pelo simples fato
De o chão estar embaixo

Como a sombra
Que provoca arrepios
Todo sonho que se tem
Simplesmente prá poder voar


Filósofo (2000)


E o que será este universo?
Talvez seja o oposto
Do oposto do inverso

Talvez somente um motivo
Para se cantar
Em prosa e verso

Ou exista como a noite
E o dia
Para se fazer filosofia

Mas por incrível que pareça
Até que a morte anunciada
Aconteça
Haverá sempre alguém
Fazendo a indagação

E o que será este universo?
Talvez seja o oposto
Do inverso 

sábado, 10 de maio de 2014

São Miguel das Missões

          Um belo destino para quem gosta de viajar é a região dos Sete Povos das Missões, em especial São Miguel das Missões, no oeste do Rio Grande do Sul, próximo à cidade de Ijuí.
          As monumentais ruínas das construções erigidas pelos índios Guarani, sob a orientação dos padres Jesuítas nos séculos 17 e 18, encantam pela beleza, graciosidade e capricho na colocação das pedras que compõem as edificações.
          Além das ruínas pode-se visitar o museu de exposição de obras sacras, entre as quais temos imagens entalhadas em madeira, sinos antigos e outros objetos religiosos.
          Ainda digno de nota é o capricho com os gramados que circundam o local.


Ruínas da igreja

Visão a partir do bosque

O museu

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Na mesma linha

A descoberta (2013)


A jovem e bela Elisa
Assistia
Por detrás do girassóis
A cena inusitada

Sons, movimentos
Corpos nus entrelaçados
E seus dedos
Autômatos
Buscando novas sensações
Descobrindo caminhos

Faíscas dançantes
Em sua cabeça
Miríades de cores brilhantes
Não mais Elisa-menina

Agora, depois do gozo
Elisa-mulher


Olhos verdes (2014)


Lembrei-me dela
Os olhos verdes
Hipnóticos
Dos lábios sensuais
Carnudos
Que faziam meus pensamentos
Caóticos

E daquela antiga poesia
Em que o poeta
Solene dizia
"Pinga respinga
Na minha janela
E quanto mais pinga
Mais penso nela"

Por onde andará agora
Teu corpo
Que contigo levou
Meus sonhos?