Aninha é uma gauchinha miúda e elétrica, muito falante e sempre com uma estória pronta, na ponta da língua. Roupas coloridas, cabelos esvoaçantes, parece que a qualquer momento sairá voando, feito uma fada (ou bruxinha do bem!).
Por razões que só Deus sabe, ela como tantos outros vizinhos rio-grandenses, resolveu se fixar na nossa Ilha-capital, Florianópolis. Fala um "manezês" recheado de "báhs" e "guris" e "aí, menino?" que a torna um ser especial, encantador.
Aninha trouxe, ao que se sabe, da sua terra, apenas uma mochila que mais parece o "cinto de utilidades" do Batman, tantas as coisas que saem de lá. Dizem, eu não afirmo, que naquela mochila tem um poncho tamanho grande, um par de botas com esporas e tudo, chapéu de aba larga, facão, garrucha, lenço vermelho, uma medalhinha com a foto da avó, barraca e demais utensílios de acampamento, produtos de toucador, queijo e charque do bom, garrafa-térmica, chaleira, cuia de chimarrão - com bomba, é claro - dois quilos de mate e um notebook (já que ela é do tipo informatizada...).
Agora é que começa o drama da Aninha: Dia desses ela acordou com sede (entenda-se sede de chimarrão, que água é coisa de "catarina"!). Abriu a mochila, retirou os apetrechos importados diretamente do Rio Grande do Sul e preparou, com todo o capricho, a divina bebida amarga. Como sua sede de conhecimentos e amizades também é enorme, abriu seu computador e conectou-se mais rápido que catarinense tentando falar "mais báh, tchê" e, ávidamente, começou a degustar seu desjejum, enquanto teclava com os amigos.
Em um momento de mais euforia seus dedos erraram a cuia, que ela tentou, em vão, segurar e lá se foi o precioso líquido com pó e tudo por cima do teclado. O seu desespero foi dobrado. Primeiro pelo computador danificado, segundo por ter perdido quase todo o chimarrão que, diga-se de passagem, tinha ficado perfeito. Uma verdadeira obra de arte.
Aninha gritava tanto que a sua tartaruga de estimação, assustada, subiu na mesa da cozinha derrubando xícaras, copos e talheres (que ela guarda, também, na mochila mágica...).
E o computador? Depois de limpo e seco só consegue escrever "báh, báh, báh..." e a Aninha, depois de pensar bastante a respeito do causo ocorrido, decidiu ser mais cuidadosa. Diz que, de agora em diante, sempre que for tomar seu chimarrão, deixará uma cuia prontinha, de reserva, caso venha a espalhar a primeira. Seguro morreu de velho, não é?
A cuia de chimarrão e sua vítima
Oi Ney!!
ResponderExcluirEntre risos e espantos, rsrsrsrs, li com muito carinho o texto acima, bem escrito, fiel à realidade da nossa querida Ana Esther. Bela descrição, parabéns!!
Oi Ney!!
ResponderExcluirEntre risos e espantos, rsrsrsrs, li com muito carinho o texto acima, bem escrito, fiel à realidade da nossa querida Ana Esther. Bela descrição, parabéns!!
Obrigado por seu carinho e consideração!
ExcluirLinda estória, e outras que conheço dos "tido gaúchos" que vieram para terra de sol e mar, buscar o que não tinha em portinho. Adorei ATT.
ResponderExcluirObrigado, cara colega. Esta estória, que na verdade é uma história floreada, se refere a uma grande e querida amiga.
ExcluirMuito legal!
ResponderExcluirBom ouvir isto de uma escritora experiente. Sinal de que estou progredindo... Um beijo, amiga!
ExcluirQue legal querido escritor Ney... estou até imaginando a cena de nossa querida Ana Esther chorando pelo "chimarrão derramado"...Adorei o escrito...
ResponderExcluirSim, Albertina, foi um "chimarrão derramado" bem caro!
Excluir