domingo, 28 de junho de 2015

E por falar em cães...

          Desde que me lembro, sempre havia um cachorro em nossa casa. Ficava preso na corrente. Naquela época todos os cães ficavam presos... Brincávamos com eles, com limitações.
          Depois de adulto, já em minha própria casa, tivemos duas cadelas, da raça Fox, que ficavam soltas, com livre acesso ao interior da residência. A primeira viveu conosco por onze anos. Chamava-se Novelo. A segunda viveu quinze anos. Seu nome era Mikaela.
          Após a partida da Mika, adotamos uma cadela, já adulta, de porte médio (doze quilos), que batizamos de Manoela.
          Essa cadela é fora-de-série. Gosta de "conversar", mais ou menos assim:
          - Aunf, hãrrr...mmm, uauf, ahhhhhhhhhh...
          E se lambe ou aponta alguma coisa que esteja chamando sua atenção. As vezes, enquanto trabalho (tenho uma sala em casa), vem até meu escritório, apoia-se na mesa, de frente para mim e resmunga, ao mesmo tempo tentando cutucar-me com a pata dianteira direita. Sempre a direita!
          A Manoela não é de raça, embora pareça bastante com uma Wippet dourada, de pernas longas, próprias para correr, tronco ossudo e abdome bem fino. É muito exibida. Adora se produzir, como em certo dia frio do inverno passado em que vestiu sua blusa de lã e, de chapéu, posou para uma foto. Scooby-Doo ou Monalisa? Talvez... Manoelisa.
          Agora adotamos um macho, meio Pastor Alemão, que ela entendeu como seu filho. Chama-se Johny. Mais pesado do que ela - vinte e poucos quilos de pura alegria - não tem parada. São amigos, divertem-se o tempo todo. Fazem cabo-de-guerra com uma corda na qual dei alguns nós, inventam lutas, corridas e latidos. Muitos latidos!
          A vida para eles é uma festa sem fim e com isso alegram também a nossa vida!

 Manoela produzida

 Somos valentes...

  Mas também somos amigos!

sábado, 20 de junho de 2015

Ser (1986)

 Sou com a relva 
Macia que estrala
Há lá uma estrela, bela

Sou como a água
Da chuva
Que chove, ouve

Sou como o sonho
Que voa, havia
Uma luz fugidia

Eu sou algum dia
O centro que explode

domingo, 7 de junho de 2015

Prudência


          Finalmente Eduardo estava completando dezoito anos. Agora sim, poderia assistir filmes para maiores, em qualquer dos quatro cinemas existentes na cidade, naquela época. Poderia tirar carteira de motorista e, seu maior sonho, comprar uma motocicleta. A vida seria totalmente diferente, seria dono de seus próprios atos. Maravilha!
          Tudo estava indo bem. Eduardo, depois de longa busca, encontrou uma moto que "cabia" no seu bolso, fez as provas para alteração da categoria em sua carteira de habilitação, recebeu a dita-cuja e partiu, no mesmo instante, para o centro. Na primeira curva mais fechada, devido à sua total inexperiência, a moto "fugiu" dele. Eduardo, por sorte, conseguiu manter-se de pé, levantou a moto e, meio assustado, continuou seu caminho.
          Passaram-se seis meses de aprendizado e alguns tombos sem gravidade. Cada nova situação lhe ensinava algo mais.
        Já próximo ao natal daquele ano de 1976, Eduardo se considerava "piloto". Aconteceu, então, um acidente grave que resultou em várias fraturas e na necessidade do uso de muletas.
           Enquanto a moto era consertada o rapaz sossegou, mas quando ela ficou pronta não deu mais prá segurar. A moto precisava ser utilizada e, como as idas ao hospital ainda eram frequentes, Eduardo ia de moto. Em uma destas visitas, no corredor do prédio, encontrou o cirurgião que o havia operado. Após os cumprimentos o bom médico indaga:
          - Eu não lhe disse para usar as duas muletas?
          - Sim, o senhor falou, mas usando uma só, fico com a outra mão livre. Além do mais, é difícil prender as duas muletas no bagageiro da moto...
          - Não acredito! Você voltou a pilotar? Depois de todo o trabalho que tivemos para salvar sua perna? Os outros médicos queriam, simplesmente, amputar.
          Ao que , Eduardo respondeu:
          - Entendo a sua preocupação, mas pilotar motocicletas está no meu sangue e prometo que serei mais prudente a partir de agora.
          Ser prudente. Eis a questão! Parafraseando o autor de um artigo referente à motocicletas, o mesmo dizia "não existem motociclistas velhos imprudentes. Ou se é velho ou imprudente".
         E essa é uma grande verdade. Os imprudentes morrem novos. Precisamos, motociclistas e motoristas, estar atentos e prevenidos para as surpresas do trânsito, que são muitas. Como diz minha mãe "cautela e caldo de galinha não fazem mal à ninguém".
             Velocidade e imprudência matam. E eu desejo ver meus colegas motociclistas bem velhinhos, prendendo suas bengalas no bagageiro das motos antes de iniciar mais uma viagem!


 Modêlo-SC

São Bonifácio-SC